quinta-feira, 30 de julho de 2015

Tipagem sanguínea

Os principais grupos sanguíneos do homem podem ser classificados de acordo com os sistemas ABO e Rh. No sistema ABO, existem 4 grupos sanguíneos determinados geneticamente (A, B, AB e O), dependendo da presença ou ausência de determinados aglutinogênios (antígenos) nas hemácias. A presença de aglutinogênio A, presença de aglutinogênio B, presença de aglutinogênio A e B e ausência de aglutinogênios, respectivamente, é o que caracteriza cada um deles.
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O fator Rh (ou fator D) foi descoberto em 1940, quando os pesquisadores Landsteiner e Wiener conduziram experimentos em macacos do gênero Rhesus. 85% das pessoas possuem nas hemácias um antígeno chamado fator Rh. Estas pessoas são Rh positivas (Rh+). 15% das pessoas não possuem nas hemácias o fator Rh e são Rh negativas (Rh-).
Objetivos
  • Compreender os mecanismos de herança dos grupos sanguíneos ABO e Rh.
  • Determinar, experimentalmente, o grupo sanguíneo ABO e o fator Rh humanos.
Material necessário
  • Microscópio óptico
  • Lâminas para microscopia
  • Lancetas estéreis descartáveis
  • Anticorpo monoclonal anti-A
  • Anticorpo monoclonal anti-B
  • Anticorpo monoclonal anti-D (anti-Rh)
  • Álcool 70%
  • Algodão
  • Palito de dente
  • Descarte para material perfuro-cortante -
Procedimento
  • Separar uma lâmina de microscopia.
  • Lavar as mãos com sabão.
  • Massagear a ponta dos dedos indicador ou médio e pressioná-la, a fim de reter o fluxo sanguíneo.
  • Esterilizar o dedo com álcool 70%.
  • Utilizando uma lanceta estéril, coletar uma gota de sangue para cada anticorpo que será utilizado, colocando, na lâmina, duas gotinhas para a tipagem de ABO e uma gotinha para a determinação do fator Rh.
  • Utilizando o próprio conta-gotas dos anticorpos comerciais (e tomando o cuidado para não contaminar estes conta-gotas com o sangue da lâmina), colocar uma gota de anticorpo monoclonal anti-A em uma das gotinhas de sangue, uma gota de anticorpo monoclonal anti-B na outra gotinha de sangue e uma gota do anticorpo anti-D na terceira gotinha de sangue.
  • Utilizando um palito de dente, homogeneizar o sangue com o anticorpo adicionado.
  • Após alguns minutos, verificar se ocorreu aglutinação (formação de grumos de hemácias).
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Resultados
tipo-sanguineo-a-positivo
Tipo sanguíneo: A positivo (Observe que houve aglutinação com soro anti-A, mas não houve aglutinação com soro anti-B, o que nos indica que a pessoa pertence ao grupo A. Também houve aglutinação com o soro anti-D, o que nos indica a presença do fator Rh nas hemácias dessa pessoa).
tipo-sanguineo-a-negativo
Tipo sanguíneo: A negativo (Observe que houve aglutinação com soro anti-A, mas não houve aglutinação com soro anti-B, o que nos indica que a pessoa pertence ao grupo A. Também não ocorreu aglutinação com o soro anti-D, o que nos indica a ausência do fator Rh nas hemácias dessa pessoa).
tipo-sanguineo-b-positivo
Tipo sanguíneo: B positivo (Observe que não houve aglutinação com soro anti-A, mas houve aglutinação com soro anti-B, o que nos indica que a pessoa pertence ao grupo A. Também ocorreu aglutinação com o soro anti-D, o que nos indica a presença do fator Rh nas hemácias dessa pessoa).
tipo-sanguineo-o-positivo
Tipo sanguíneo: O positivo (Observe que não houve aglutinação com soro anti-A nem com soro anti-B, o que nos indica que a pessoa pertence ao grupo O. No entanto, ocorreu aglutinação com o soro anti-D, o que nos indica a presença do fator Rh nas hemácias dessa pessoa).
tipo-sanguineo-o-negativo
Tipo sanguíneo: O negativo (Observe que não houve aglutinação com soro anti-A nem com soro anti-B, o que nos indica que a pessoa pertence ao grupo O. Também não ocorreu aglutinação com o soro anti-D, o que nos indica a ausência do fator Rh nas hemácias dessa pessoa. A ausência de aglutinogênios dos sistemas ABO e Rh faz da pessoa O negativo a doadora universal).
tipo-sanguineo-ab-positivo
Tipo sanguíneo: AB positivo (Observe que houve aglutinação com soro anti-A e com soro anti-B, o que nos indica que a pessoa pertence ao grupo AB. Também ocorreu aglutinação com o soro anti-D, o que nos indica a presença do fator Rh nas hemácias dessa pessoa. A ausência de aglutininas dos sistemas ABO e Rh faz da pessoa AB positivo a receptora universal).
tipagem-sanguinea

Incrível: Parece uma cobra?! Acredite, não é!

É incrível como os insetos são capazes de realizar “disfarces” reais tão convincentes que podem assustar não só os seus predadores como a nós mesmos. É o caso da espécie de borboleta Dynastor darius que imita perfeitamente uma cobra em ponto de ataque. A espécie D. darius faz parte do gêneroDynastor, da ordem das Lepidópteras onde estão os insetos como as coloridas borboletas e as mariposas.
Essa espécie ficou famosa por essa incrível capacidade de mimetismo, ou seja, de assumir uma forma parecida de outro animal, neste caso de uma cobra em ataque. Na verdade, no seu estágio de lagarta, essa espécie já se apresenta estranhamente “linda”: é peluda, tem uma espécie de “chifres” na cabeça com pelos, seu corpo é mole e apresenta uma coloração verde opaco.
O grande truque desta borboleta está na sua fase de pupa, assim que ela inicia esse estágio de transformação, a sua pupa vai tomando uma forma assustadora para seus inimigos, pois é, vai mimetizando um réptil carnívoro e sua semelhança se torna inacreditável, com uma aparência de cobra com olhos prontos para o ataque. São encontradas principalmente penduradas nas folhas nas florestas de Trinidad e fica neste estágio por 13 dias até a metamorfose completar seu estágio e se tornar uma linda borboleta.
Sua habilidade de imitar uma cobra o torna uma presa não atrativa para seus predadores, uma vez que quando o animal dá de cara com essa pupa os fazem fugir rapidamente. Além disso, suas habilidades não param por aí, essa espécie ainda possui a capacidade de sentir e reagir com o meio externo, ou seja, ainda pode realizar pequenos movimentos que através de vários ângulos podem assustar ainda mais seus predadores, incrível!
O grande truque desta borboleta está na sua fase de pupa, assim que ela inicia esse estágio de transformação, a sua pupa vai tomando uma forma assustadora para seus inimigos. Foto: Reprodução/IFLScience
O grande truque desta borboleta está na sua fase de pupa, assim que ela inicia esse estágio de transformação, a sua pupa vai tomando uma forma assustadora para seus inimigos. Foto: Reprodução/IFLScience
Não é raro observar mimetismo em insetos e em vários animais para defesa contra predadores naturais, mas ver uma obra de arte como a espécie D. darius e sua perfeição na “arte” dos disfarces é bem incrível e assustador, além de maravilhosamente lindo de ver os detalhes. Depois da metamorfose, ela se torna uma linda borboleta com tons escuros amarronzados e manchas brancas nas asas, ou seja, continua sua outra fase de mimetismo na natureza como garantia de sua sobrevivência!
São encontradas principalmente penduradas nas folhas nas florestas de Trinidad e fica neste estágio por 13 dias até a metamorfose completar seu estágio e se tornar uma linda borboleta. Foto: Reprodução/IFLScience
Sua habilidade de imitar uma cobra o torna uma presa não atrativa para seus predadores, uma vez que quando o animal dá de cara com essa pupa os fazem fugir rapidamente. Foto: Reprodução/IFLScience

As misteriosas esferas de pedras da Costa Rica

O que seriam essas grandes e misteriosas esferas de pedras encontradas na Costa Rica? Presentes de alienígenas, vestígios de civilizações antigas, criações de povos e continentes perdidos e primitivos…?! As pedras foram descobertas em 1940 por uma Cia agrícola e as primeiras investigações arqueológicas foram publicadas em 1943, relativamente recentes.
Na verdade essas esferas de pedras não possuem nada de misterioso, de acordo com as escavações arqueológicas realizadas até o presente momento elas foram comparadas e associadas a materiais típicos das culturas Pré-colombianas, por apresentarem cerâmica e outros materiais desta época. Há uma grande variação de tamanhos, desde centímetros até mais de dois metros de diâmetro, as maiores pesam mais de 16 toneladas, são feitas de granodiorito, parecido com o granito, são bem duras e tem origem do resfriamento do magma derretido, ou seja, de lava de vulcões.
Foram registradas aproximadamente 186 bolas até 1963, porém estima-se haver centenas de esferas como essas dispersas e perdidas em toda Costa Rica. E porque elas são esféricas? Diversos fatores explicam como essas enormes pedras ficaram tão redondas como uma bola. Foi uma combinação de erosão, fratura controlada, entalhamento e lixamento. Todavia, mais especificamente, elas foram esculpidas e polidas, processo semelhante para fazer machados e estátuas, muito provavelmente foram os antepassados dos povos nativos da região, que viviam da caça e pesca, bem como da agricultura e que necessitavam de ferramentas para atribuições diárias.
As pedras foram descobertas em 1940 por uma Cia agrícola e as primeiras investigações arqueológicas foram publicadas em 1943, relativamente recentes. Foto: noticiascabana
Essas pedras datam, aproximadamente, entre 200 a 800 anos d.C. E para que elas serviam? Não se sabe ao certo qual a funcionalidade destas pedras, porém há especulações de que eram usadas como bússolas magnéticas ou alinhamentos astronômicos, pois muitas delas foram encontradas dispostas em linha retas e curvas, muitas vezes formando triângulos e paralelogramos.  Embora, não se tenha certeza desse fato, acredita-se que muitas delas tenham sido feitas para construções ou simplesmente para observações distantes.
Por razões desconhecidas esta esfera foi parar no leito de um córrego de correnteza, muito próximo do sítio arqueológico onde se encontram as demais esferas. Mede aproximadamente 1,10 cm de diâmetro. Foto: ifigeniaquintanilla
Muitos estudiosos e cientistas ainda contestam as indagações sobre as pedras e ainda afirmam que há muita história a ser descoberta sobre essas enormes esferas de pedras que talvez esteja escondido um valioso conhecimento misterioso de povos antigos, talvez nem conhecidos pela história da humanidade! Fica agora a esperança e as controvérsias dos cientistas para que descubram evidências exatas de suas origens e utilidades! Todavia, de uma coisa temos certeza absoluta: que elas chamam muito a atenção pelo tamanho, peso e serem incrivelmente redondas, isso sim é bastante intrigante!
Não se sabe ao certo qual a funcionalidade destas pedras, porém há especulações de que eram usadas como bússolas magnéticas ou alinhamentos astronômicos, pois muitas delas foram encontradas dispostas em linha retas e curvas, muitas vezes formando triângulos e paralelogramos. Foto: arquivoufo
Foram registradas aproximadamente 186 bolas até 1963, porém estima-se haver centenas de esferas como essas dispersas e perdidas em toda Costa Rica. Foto: piramidesdebosnia
Muitos estudiosos e cientistas ainda contestam as indagações sobre as pedras e ainda afirmam que há muita história a ser descoberta sobre essas enormes esferas de pedras que talvez esteja escondido um valioso conhecimento misterioso de povos antigos, talvez nem conhecidos pela história da humanidade! Foto: piramidesdebosnia
Não se sabe ao certo qual a funcionalidade destas pedras, porém há especulações de que eram usadas como bússolas magnéticas ou alinhamentos astronômicos, pois muitas delas foram encontradas dispostas em linha retas e curvas, muitas vezes formando triângulos e paralelogramos.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Poesia

Poesia é forma de expressão literária que surgiu simultaneamente com a Música, a Dança e o Teatro, em época que remonta à Antiguidade histórica. Na própria fala - fruto da necessidade de comunicação entre elementos de uma comunidade primitiva - estão as raízes poéticas. Sabe-se que a comunicação imediata entre duas pessoas se dá pela palavra e pelo gesto, que estão tanto mais intimamente ligados quanto mais primitivo for o grupo. O gesto complementa sempre a fala, na proporção em que esta é limitada em sua inteligibilidade. Assim é que os gestos foram marcando o tom e o ritmo das palavras, até a caracterização individual dos primeiros contadores de seus feitos (caçadas) e dos feitos de sua tribo (guerras). A saliência cada vez maior do indivíduo que contava sobre a comunidade que o ouvia, acarretou a procura de fins artísticos em relação narrativa.



PINTURAS PARIETAIS, IDENTIDADES E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: acerca das ARTES VISUAIS e de suas falas

Foi a partir do final do Século XX que o discurso ambientalista passou a fundamentar-se na ressignificação das relações do homem com o meio. Com o fortalecimento das ideias de autores como Félix Guattari e Edgar Morin é possível entender a complexidade das questões ambientais, fato que impossibilita limitá-las a ações preservacionistas. Mais do que isso, trata-se de reconhecer a necessidade de uma abordagem ecossistêmica, que confira à Educação Ambiental uma visão mais ampla, conjugando a perspectiva ecológica, a social, a cultural e a econômica.
Tal postura visa o estabelecimento de uma nova relação entre a humanidade e a natureza. Ela implica na consciência de que as questões ambientais resultam das relações do homem consigo mesmo, com os outros e com o mundo ao redor (GUATTARI, 1990), num processo que visa o conhecimento do humano situado no universo (MORIN, 2000). Nesse sentido, é fundamental pensarmos sobre os sujeitos imersos em relações de alteridade, interferindo e modificando o seu meio a partir de uma dimensão ética que reflete escolhas, percepções, valores e ideais.
Para a compreensão do tempo presente, portanto, é fundamental permearmos os saberes para o entendimento das sociedades e de suas produções artístico-culturais, sem separar a arte da ciência, a razão da sensibilidade. Isso porque hoje compreendemos que as obras de arte resultam, acima de tudo, de pensamentos críticos e reflexivos sobre a própria condição humana. A arte se constitui num fenômeno social e as obras dão visibilidade a valores religiosos, éticos, sociais e políticos, numa íntima relação com os contextos históricos que lhes deram origem. Sendo assim, analisar as produções artísticas nos possibilitam avaliar mentalidades e comportamentos indicativos das relações dos indivíduos com o seu contexto socio-histórico.
Este artigo tem por objetivo ponderar sobre algumas produções do artista mexicano Diego Rivera, discutindo as pinturas parietais como produções artísticas que manifestam identidades. Baseadas nos estudos de Stuart Hall (1999) e suas definições de identidades nacionais – entendidas como “comunidades imaginadas”, que através de suas representações propõem uma unificação das identidades –, e de identidades pós-modernas, caracterizadas pela fragmentação, traçamos um paralelo entre as produções do artista mexicano e a de grafiteiros contemporâneos. Assim é possível visualizar transformações nas mentalidades ocorridas ao longo do século XX, que são determinantes para a compreensão da complexidade da atualidade, principalmente, das questões relativas às identidades dos sujeitos contemporâneos e suas relações.
Tanto as obras muralistas mexicanas, assim como os graffiti contemporâneos, são manifestações de pinturas parietais apresentadas em grandes dimensões. Elas fogem da tradição da pintura sobre tela e compartilham de um ideal de democratização da arte, utilizando o espaço urbano como suporte, sem restringir o seu acesso a um público específico, consumidor de arte, mas levando-as ao povo em geral. Tais produções diferenciam-se entre si em relação à forma como manifestam as identidades dos sujeitos relacionados a seu tempo histórico. Entretanto, mesmo quando não focam um discurso explícito de consolidação identitária, por estarem em um espaço-tempo específico, integradas a um contexto próprio, tais manifestações são documentos de uma época e dos sujeitos que nela interagem. Sendo assim, elas nos fornecem subsídios para a reflexão sobre as interrelações que revelam, permitindo ponderarmos acerca das relações do homem com o meio em dado momento histórico.


1.      Muralismo Mexicano e a identidade nacional

Figura 1: Diego Rivera.
The Exploiters (Os Exploradores), 1926. Fresco.
Fonte: http://www.diego-rivera.com/
O movimento muralista mexicano surgiu após a Revolução Mexicana (1910/1920) e trinta anos de ditadura militar, como representações visuais latino-americanas vinculadas aos movimentos modernistas. Quando Álvaro Obregón, o primeiro líder revolucionário, assumiu o cargo de Presidente, o então presidente da Universidade e ministro da Educação José Vasconcelos organizou a elaboração de murais para que os artistas mexicanos, através de suas pinturas, narrassem a história do povo e fortalecessem o sentimento de pertença de seus integrantes (Figura 1). A ideia era a de consolidar uma identidade nacional através da cultura imagética representativa do lugar habitado. Entre os jovens artistas mexicanos envolvidos no projeto dos murais, estavam Diego Rivera, David Alfaro Siqueros e José Clemente Orozco, todos já reconhecidos por suas produções e em contato direto com as vanguardas internacionais. Eles eram chamados de “Los Tres Grandes” devido a expressiva representatividade que tiveram no movimento muralista.
Os artistas muralistas defendiam o rompimento com a arte burguesa de referências européias e “apontavam a tradição indígena como o modelo do ideal socialista de uma arte aberta, para o povo: uma arte que fosse aguerrida, educativa e para todos” (ADES, 1997, p.153). Os murais foram pintados por todo México, em palácios, igrejas, escolas, museus, ministérios, etc. Alguns estavam localizados em lugares mal projetados, dificultando a execução. Além do objetivo de comunicar ao povo algo que servisse como referencial identitário, a pintura mural era uma forma de garantir o acesso do povo a arte, após anos de dominação.
Os artistas latino-americanos deste período, ao manterem contato com os movimentos europeus de vanguarda, reelaboraram ideias e técnicas das diferentes tendências, adaptando-as às particularidades da cultura local. Portanto, as tendências modernistas não foram incorporadas como estilos prontos, mas, sim, como um ideal renovador, pois os vanguardistas se contrapunham aos cânones do passado e muitos problematizavam em suas obras as mudanças sociais acarretadas pela modernização. Assim, de forma inovadora, estes artistas expressavam suas preocupações com a retomada das raízes, apresentando suas obras como documentos da cultura mexicana.
É importante salientar que mesmo que os artistas de vanguarda compartilhassem da vontade de detonar uma revolução artística, se opondo aos valores do passado expressos por uma arte burguesa, as manifestações não eram homogêneas tanto em termos formais quanto em relação às questões sociais. Os artistas compartilhavam da busca por uma manifestação artística que representasse uma identidade nacional, no entanto, não concordavam muitas vezes a respeito da função social da arte e na forma estética desta representação.

Figura 2: Diego Rivera.
The History of Cuernavaca and Morelos - Crossing the Barranca - Detail (A História de Cuernavaca e Morelos - Atravessando a Barranca - Detalhe), 1929-30. Fresco.
Fonte: http://www.diego-rivera.com/

Entre “Los Tres Grandes”, os murais de Diego Rivera (Figura 2) merecem destaque por seu cunho social. Neles aparecem bem definidos os temas políticos e históricos, abordados sem a utilização de ambigüidades e sátiras, como outros faziam. Em suas representações da sociedade mexicana, Rivera contrasta o mundo moderno industrial com a exploração e opressão dos trabalhadores, destacando o embate entre o México industrial e o México rural, sendo que o rural era tratado como essencial e pitoresco, não de forma pejorativa. Imagens de ricos e pobres, as figuras do trabalhador, do soldado e do camponês são características das pinturas. Através destes ícones Rivera expressava a realidade do povo mexicano, desde sua origem histórica às situações que estavam vivendo, desenvolvendo assim uma visão do povo e da sua cultura, possibilitando uma redescoberta sócio-cultural do país (Figura 3).

Considero que para lograr un arte americano, verdaderamente americano, será necesario esto, combinar el arte indígena, el mexicano y el esquimal, con un impulso creador similar al que produce máquinas… (Diego Rivera, 1940, fonte: http://www.riveramural.com)

http://uploads6.wikipaintings.org/images/diego-rivera/pan-american-unity-1940.jpg
Figura 3: Diego Rivera.
Pan American Unity, 1940. San Francisco City College.

A primeira fase do muralismo foi encerrada perto de Obregón completar seus quatro anos de mandato, devido a problemas políticos que resultaram na renúncia de Vasconcelos e no cancelamento das atividades dos artistas muralistas. Isso aconteceu por influência dos conservadores, que destruíam os murais que lhes desagradavam. No entanto, Rivera conseguiu estabelecer uma boa relação com o novo ministro, e pode continuar os trabalhos que desenvolvia no Ministério da Educação. Em 1927, completou os murais após uma viagem a Moscou, de onde trouxe referências e passou a introduzir elementos da iconografia revolucionária russa em seus trabalhos, como a estrela vermelha e a foice e o martelo (Figura 4).

Figura 4: Diego Rivera
Political Vision of the Mexican People (Court of Fiestas) - Insurrection aka The Distribution of Arms (Visão política do povo mexicano (Tribunal de Festas- Insurreição também conhecido como Adistribuição de armas), 1928. Fresco.
Fonte: http://www.diego-rivera.com/


File: Murales Rivera - Markt em Tlatelolco 3.jpg
Figura 5: Diego Rivera
Cidade do México, Palácio Nacional. Mural mostrando a vida em tempos astecas na cidade de Tenochtitlan.


Rivera permaneceu modificando suas formas de representação, procurando responder a questão da “arte para o povo”. Diferente de seus primeiros trabalhos, o artista passou a tentar entender e usar as estruturas e iconografias pré-colombianas, e não apenas reproduzir imagens do passado (Figura 5), aprofundando as pesquisas sobre o pensamento mágico e o científico das civilizações indígenas antecessoras.
Sobre a consolidação das identidades nacionais, um tema caro aos artistas modernistas, Hall (1999) questiona a tendência à unificação que provocam suas representações e apresenta-as como “comunidades imaginadas”. Através da cultura imagética de um lugar, como se verifica no caso do muralismo mexicano, tem-se a afirmação de ideias e valores constitutivos de uma identidade, visto que nesta, “existe sempre algo "imaginário" ou fantasiado sobre sua unidade. Ela permanece sempre incompleta, está sempre "em processo", sempre "sendo formada”” (HALL, 1999, p.38).
Deste modo, as identidades nacionais são apresentadas pelo autor como uma forma de unificação que homogeneíza um povo, desconsiderando suas diferenças, como por exemplo, as regionais e étnicas. Formando uma cultura generalizada através de uma série de elementos representativos, apresentando-se como “um discurso— um modo de construir sentidos que influencia e organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos” (HALL, 1999, p.50). A identidade cunhada, neste caso, está condicionada a uma série de criações e representações que podem estar envolvidas na origem e história real da nação, da história contada de geração em geração e da imaginada de acordo com o contexto, o que dará os parâmetros de afirmação pessoal e territorial da existência de cada sujeito.
Portanto, o muralismo mexicano teve papel de solidificar uma identidade que falava de seu passado, que retomava suas origens como forma de valorizar o seu povo no presente. Mesmo que deixando de lado algumas especificidades da heterogeneidade que compõe uma nação, ela firmava o pertencimento destes indivíduos a algo que os era de direito após anos de dominação. Por isso, as pinturas mexicanas, ao buscarem uma identidade nacional, não se baseavam em anos recentes, mas em glorificar um discurso que reside entre o passado e o futuro, que:

se equilibra entre a tentação por retornar a glórias passadas e o impulso por avançar ainda mais em direção à modernidade. As culturas nacionais são tentadas, algumas vezes, a se voltar para o passado, a recuar defensivamente para aquele "tempo perdido". (HALL, 1999, p.56)

Cabe ressaltar, que não é nosso objetivo neste texto julgar a postura dos muralista mexicanos no que tange às suas iniciativas em prol de uma identidade nacional, única e homogeneizante. Nosso interesse é o de demonstrar como tal atitude difere da apresentada pelos grafiteiros, artistas de rua que com suas produções expõem uma pluralidade de marcas identitárias, dando visibilidade à complexidade dos múltiplos sujeitos que habitam o espaço urbano contemporâneo.


2.      Graffiti e as identidades pós-modernas


SAID (DETALHE)
Figura 6: CRANIO / Brasil
fonte: http://www.flickr.com/photos/cranioartes/

A prática do graffiti utiliza o espaço urbano como suporte de suas manifestações (Figura 6). São pinturas feitas com sprays de tinta nos lugares mais diversos e, em alguns casos, desafiadores – em relação a alturas extremas ou subsolos. Elas exigem rápidas execuções, pois muitas vezes são feitas sem o consentimento do proprietário do espaço grafitado, um dos motivos que caracteriza a atividade como transgressora e atrai os jovens a experimentarem, comunicando-se de forma mais livre, ultrapassando os limites de legalidade que a sociedade impõe.
Os graffiti contemporâneos se mostram universalizados, não se limitam a representação de determinada cultura, mas manifestam interesses globalizados. Notável ao comparar essas manifestações em diferente locais, até mesmo em países diferentes, pois não mostram variações bruscas de temáticas, a não ser em produções específicas, nas quais podemos constatar alguns traços de culturas regionais ou locais (Figura 7).

   
Figura 7: CRANIO / Brasil
fonte: http://www.flickr.com/photos/cranioartes/

Nas imagens acima é possível notarmos que mesmo o artista utilizando a representação de um índio como personagem as questões problematizadas são de interesse global. Elas exemplificam posturas que unem as influências da globalização ao interesse pelo que diz respeito ao local, só que neste caso, diferente dos muralistas, o artista de rua não se refere a um retorno às origens, mas, sim, ao estabelecimento de uma nova relação com o espaço que habita de acordo com o contexto globalizante (HALL, 1999).
 O graffiti é uma manifestação que utiliza o espaço urbano como meio de comunicação entre sujeitos que se encontram muitas vezes marginalizados, moradores periféricos de uma sociedade que não apresenta identificações concisas entre o espaço e seus habitantes. Os grafiteiros compõem diversos grupos e subgrupos que compartilham determinados estilos de vida e utilizam diferentes formas estéticas e comportamentais para se definirem com uma identidade própria, nem que seja somente entre eles.
A noção de identidade que emerge destas manifestações faz parte do conceito de pós-moderno, em que Hall (1999) aponta indivíduos com identidades fragmentadas devido à universalização de referências. Tais referências trazem conhecimentos globalizados, próprias de sujeitos que vivem em um tempo de imprecisões, de variações de indivíduos em uma mesma pessoa, pois um ser pode comportar, por vezes, identidades contraditórias, identidade definida pelo autor como uma "celebração móvel".
 As manifestações da modernidade, como as discutidas neste artigo, baseadas na busca de uma identificação nacional, se deram no lugar dos povos, tribos, regiões que as antecederam. Estes pequenos grupos foram submetidos à homogeneização de uma identidade única que representasse um grande grupo, desconsiderando as particularidades dos sujeitos que integram uma sociedade. No entanto, estes sujeitos tinham através de uma “comunidade imaginada” algo a compartilhar, um sentimento que os tornava comuns ao lugar habitado e entre si. Nas manifestações pós-modernas há uma retomada de diversos pequenos grupos de indivíduos com características comuns, só que desta vez, estes não se limitam a regionalidades, mas compartilham interesses universalizados devido à atualidade globalizante.
            Este fenômeno que possibilita as trocas ilimitadas de informações cria referências que podem ser compartilhadas por grupos/tribos que coexistem em lugares longínquos. No entanto, o grande número de informações circulando nos diferentes meios midiáticos e a falta de comprometimento dos mesmos com a qualidade do que divulgam faz com que as referências que se tem para a construção do conhecimento e da própria identidade sejam em grande parte precárias e absorvidas de forma passiva.
            Deste modo, justifica-se a relação estabelecida entre as manifestações visuais de pinturas parietais de diferentes períodos históricos, visando a analise das inter-relações que revelam em relação a seus contextos sócio-históricos. Como demonstramos ao longo do artigo, tais relações nos fornecem subsídios para a reflexão acerca das sociedades contemporâneas a partir das atitudes dos sujeitos que nela interagem, suas identidades, mentalidades e comportamentos. Ressaltamos assim, a fundamental contribuição dos estudos sobre a cultura imagética de um lugar, entendida como documentos de uma cultura e da formação identitária do povo que nela interage, para os estudos acerca das relações do homem consigo, com os outros e com o meio. Isso, porque as manifestações artísticas são produtos da práxishumana e exteriorizam a essência da existência dos sujeitos, são ações cujos efeitos se produzem de modo indireto. Atuando sobre o nosso modo de pensar, sentir e agir, elas tem a capacidade de despertar as consciências para a descoberta dos valores éticos, sociais e políticos de uma determinada comunidade, dando-nos uma visão mais íntegra da realidade.


REFERÊNCIAS:
ADES, Dawn. Arte na América Latina. São Paulo: Cosac & Naify Edições, 1997.
El Proyecto Del Mural de Diego Rivera.
Disponível em: <http://www.riveramural.com/home.asp?language=spanish>. Acesso em agosto/2011.
GUATTARI, Felix. As Três Ecologias. Campinas, SP: Papirus, 1990.
HALL, Stuart. Identidade Cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.
MORIN, EdgarA Cabeça Bem-Feita. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.



sábado, 11 de julho de 2015

Você quer um amigo:

Para andar na linha? Compre um trem.
Para guardar segredo? Alugue um cofre.
Para socorrer 24 horas? Constrói um hospital.
Para ir com você pra todo lado? Que tal um carro, uma bicicleta ou moto?
Para escutar você sem parar? Ligue o gravador...
Para dizer sim o tempo todo? Grave o seu próprio sim, na frente do espelho.
Para sustentá-lo nos fracassos financeiros? Compre um banco.
Para lhe dar a mão na hora do medo? Contrate uma babá.
Para carregá-lo nas horas difíceis? Chame um táxi.
Para massagear suas dores? Ligue para o massagista!
Para transportar suas reclamações? Chame o carro de mudanças...
E, por falar em mudanças, você realmente precisa mudar. Mude para o mundo da possibilidade. Não transfira para o amigo todas as suas ansiedades. Sim, o amigo existe, somos nós. O amigo faz tudo isto que foi descrito acima. E faz mais ainda. Além de ser trem, cofre, hospital, carro, gravador, espelho, banco, babá, táxi, massagista, carro de mudanças, o amigo tem a capacidade de discernir quem é amigo ou quem necessita desta relação de coisas e profissionais para usufruir, economizar, explorar.
Mude! Seja compreensivo, bondoso e todos vão querer ter um amigo assim, como você, como nós.
Ser amigo de si mesmo não é egoísmo. Seja bom para com você também.
“O homem bondoso faz bem a si mesmo, mas o cruel a si mesmo se fere”.
Provérbios 11:17


Ivone Boechat

Que tal reciclar latas de cerveja ou refrigerante e criar ... paliteiros?

Use e abuse dos rótulos coloridos. 
Veja como ficam interessantes.


Para fazer seu paliteiro você precisará de:
- 3 latas de alumínio
- 1 parafuso com 8,5 cm
- 1 porca borboleta
- Tesoura
- Cola Epóxi (tipo Araldite)
Como fazer:
1- Recorte o círculo central dos fundos das 3 latas, deixando uma pequena borda que servirá de encaixe. 
Eles servirão de base, fundo e tampa do paliteiro.
2- Perfure o centro de todos os círculos. Faça um furo que permita que o parafuso passe bem justo.
Em um deles, que será usado como tampa, faça também um segundo furo por onde sairá o palito. 
3- Use a sobra de uma das latas e recorte um retângulo de 6 x 16 cm que será usado para fazer o corpo do paliteiro.
Lembre-se de escolher e centralizar a imagem decorativa. 
4- Usando este retângulo, faça um cilindro que tenha o diâmetro que permita que ele se encaixe na borda interna do círculo. Cole a lateral do cilindro, usando cola epóxi. 
5Feche o fundo do cilindro, encaixando e o colando às bordas internas de um dos círculos recortados. Reserve.
6 - Monte seu paliteiro de baixo para cima: 
- Usando o parafuso, perpasse o furo do primeiro círculo que será a base. Repare que este fica virado pra baixo. 
- Sobreponha o segundo círculo que será virado para cima (que já está colado ao cilindro/corpo do paliteiro). O parafuso passará por dentro do cilindro e sobrará para prender o próximo círculo.
- O terceiro será a tampa (virado pra baixo). Passe o que sobrou do parafuso através do furo central e prenda com a porca borboleta.
Para abastecer basta soltar a porca e retirar a tampa. Feche novamente e faça bom uso do seu paliteiro reciclado.


Espero que tenham gostado. Até a próxima.

Testando a decomposição

Olá, olá, pessoal! 

experiência de hoje vai nos mostrar o que acontece com os materiais que jogamos na natureza! Vamos poder ver direitinho o quanto o lixo inorgânico, que são os vidros, plásticos, papéis e latas de alumínio, fazem mal ao solo e às plantas!

É bem simples de fazer! Mas a gente precisa ter paciência, porque pra ver o resultado, nossos vasos de pet têm que ter dois ou três meses. Mas vocês vão gostar de ver o que acontece! Vamos começar! Eu fiz o meu há dois meses, hoje foi o dia de observar o que aconteceu!

Vamos precisar de: 2 garrafas plásticas, terra, grãos de feijão, folhas de papel usado, objeto pequeno de vidro, tampinha de garrafa pet, lacre de latinha ou alguma tampa de alumínio, cascas de fruta, restos de alimento. Pronto! Já temos exemplos dos cinco tipos de lixo, orgânico e inorgânico.

Como fazer: Pra começar, a gente tem que cortar com cuidado as duas garrafas pet, são nossos vasos trasparentes. Então, é só colocar pedras no fundo e uma camada de terra. Agora é hora de começar a espalhar nosso lixo, lembrando sempre de colocar os mesmos materiais em cada garrafa, cobrindo sempre com terra. No final, quando o vasinho tiver quase cheio, vamos plantar uns cinco grãos de feijão. Do mesmo jeito, nos dois expermentos.

Por que a gente tem que fazer tudo duas vezes? 
Porque um deles vai receber água todo dia, já o outro vai ficar seco durante todo o tempo da experiência. Imaginam o que vai acontecer? Eu tava todo curioso. Mas a cada dia, já deu pra ver muito bem a diferença. O vaso com água é aquele do primeiro desenho. Os feijões brotaram, o solo continuou vivo mesmo com todo lixo enterrado e hoje a gente consegue ver que muitos microorganismos ajudaram a decompor as cascas de fruta, os alimentos e o jornal. Hoje quase não existem mais! Já o vidro, o plástico e o alumínio... Esses estão idênticos! 

Mas e o outro vaso? Tão vendo aqui em baixo? Nada mudou! Sem água, não temos microorganimos, nada de bichinhos para ajudar a decompor os materiais, então, estão aí, ainda do mesmo jeito que eu enterrei. 
Viram o que acontece com nosso solo? O lixo orgânico deixa a terra mais rica para as plantas, o resto de cascas e alimentos fazem muito bem para o solo. Já os inorgânicos, né, pessoas? Poluem muito. Precisam ir pra coleta seletiva e serem reciclados! 

A  EA  explica muito bem o tempo que cada material demora para se decompor e também a cor certinha de cada um. 
Boa experiência pra todo mundo! Anotem toda semana o que vocês vão observando. É bem legal ver o resultado! 

Até mais, pessoas!