Demonstraremos uma breve análise documental com base em
alguns episódios dos desenhos Jimmy Nêutron e o laboratório de Dexter e tentaremos
aqui detectar por meio destes episódios quais são as visões de ciências
contidas neles.
Acreditamos que o uso do desenho animado é uma alternativa que
privilegia a construção do conhecimento cientifico com base em um dos universos
familiares ao educando.
A televisão, por ser um dos meios de comunicação mais
utilizados por significativa parcela da população mundial é motivo de debates e
discussões a respeito do seu papel e influência no contexto cultural da
atualidade. Ela é vista como culpada de muitos males que afligem nossa
sociedade, dentre eles podem-se citar: violência, apatia e consumismo. Já
propuseram tirá-la do ar, boicotá-la ou desligá-la .Sua programação é vista,
por muitos, como instrumento de alienação e transmissora da ideologia
dominante.
A informação televisiva veio acentuar os traços do
hedonismo contemporâneo dos desejos individuais da cultura do corpo, do prazer,
da ilimitada promoção da subjetividade. Tudo que acontece é apresentado em
forma de notícia, rápido, neutro, sem comentários com ares de amoralidade. O
primado dos fatos sobre os valores caracteriza um pós-moralismo midiático,
sustentado por um mito de objetividade e sensacionalismo espetacularizante que
não esconde os interesses comerciais.
Esta é uma das formas de enxergar o papel da televisão no
contexto atual. A questão a ser enfocada é que, mesmo levando-se em conta a
função "deseducadora" atribuída a este que é o meio de comunicação
mais difundido no mundo ocidental, ela é presente, constante e veio para ficar.
A televisão faz parte da vida diária de milhões de pessoas nos mais diferentes
locais e nas mais variadas culturas, e é mais presente na vida das crianças,
atuando, muitas vezes, como "babá eletrônica". E no Brasil não é
diferente
Um outro ponto que deve ser ressaltado é a ausência quase
que total, na TV brasileira, de produções nacionais de desenhos animados. A
exceção dá-se por conta de Maurício de Souza que, desde 1976, vem produzindo
filmes animados com a Turma da Mônica, direcionados para crianças até sete anos
de idade. Nas faixas etárias de pré-adolescentes e adolescentes, a totalidade
da oferta do gênero televisivo em questão é de produções estrangeiras. Dada a
presença e influência dos desenhos animados na vida das crianças e
adolescentes, os Parâmetros Curriculares Nacionais abordam o tema sugerindo, em
seu documento de introdução, a utilização dos mesmos no processo
ensino-aprendizagem:
Sob este enfoque, reafirma-se a importância do papel do
professor. É ele que deve conduzir, com destreza e competência, o processo de
aproximar a realidade da sala de aula à realidade do aluno, com o objetivo de
tornar significativa a aprendizagem de conteúdos curriculares, pois, segundo
Cortella "Uma nova qualidade social
exige uma reorientação curricular que preveja levar em conta a realidade do
aluno. Levar em conta não significa aceitar essa realidade mas dela partir;
partir do universo do aluno para que ele consiga compreende-lo e
modificá-lo".
Os desenhos animados podem promover uma abordagem
discursiva sobre estereótipos e representação do real. Se analisarmos a
linguagem televisiva, que, “uma vez trabalhada a ludicidade que recobre o
discurso desses textos, pode-se partir para o contraponto do questionamento da
mensagem que é passada, iniciando um processo de crítica às figuras, aos
arquétipos que nos chegam”.
Os desenhos animados e a ciência
Em alguns desenhos animados, são abordados temas
relacionados à ciência. Pode-se classificar estes desenhos em dois grupos: os
que usam os conceitos relativos à ciência para ensinar o público telespectador
(desenhos educativos), e os que não têm o compromisso com a educação, apenas
usam os conceitos dentro da ludicidade da sua linguagem, dinamizando, de forma
diferenciada, o texto audiovisual (desenhos criativos). Do primeiro grupo,
cita-se como exemplo: Capitão Planeta (TV a cabo, canal Boomerang), Cyberchase (TV
Cultura e canalBoomerang) e Ozzie e Drix (canal Cartoon Network).
Ilustra-se o segundo grupo com os desenhos O Laboratório
de Dexter e Jimmy Nêutron, o menino gênio. São desenhos que trazem, como
personagens principais, meninos cientistas que, muito inteligentes, usam suas
invenções e criatividade para resolver situações que vão desde encrencas na
escola até salvar o mundo de uma invasão alienígena. Nestes desenhos são
utilizadas muitas palavras e situações relacionadas à ciência, desde
laboratório, experiência, até o Princípio da Incerteza de Heisenbeg. Não são
desenhos educativos, pois, na maioria das vezes, não detalham ou discutem os
conceitos, mas apenas os utilizam com a intenção de divertir. Isto se observa
segundo a fala do próprio criador do desenho Dexter, Tartakovsky (2005), em
entrevista à Revista Época, quando perguntado se seus desenhos têm a intenção
de educar ou apenas entreter:
Quando eu era criança, via muita televisão. Não acho que
isso tenha me prejudicado. Ao contrário: me ajudou a aprender inglês quando
cheguei de Moscou. Por isso acho que a TV pode ser educativa. Mas isso não é
problema meu. Quero fazer a criança rir, e não dar lições de vida. Tenho uma
filha de um ano e meio e, outro dia, ela assistiu um desenho que a deixou
assustada. Fiquei chateado, não com quem fez o desenho, e sim comigo mesmo por
ter deixado que ela o visse. Educar é obrigação dos pais, não da televisão.
(TARTAKOVSKY, 2005)
(TARTAKOVSKY, 2005)
Vamos falar do desenho
Os conteúdos dos desenhos O Laboratório de Dexter e Jimmy
Nêutron, o menino gênio, observando a analise, e os resultados na tabela 1 .
Foram selecionados, para análise, os seguintes aspectos
relacionados à ciência: caracterização do cientista (física e social); visões
sobre a tecnologia e sobre a ética apresentadas nos episódios; visões de
ciência dos personagens, buscando relacioná-las às visões de alguns
epistemólogos da ciência.
Ao se observarem os desenhos animados selecionados
para esta análise documental, pode-se traçar o perfil do cientista representado
nos episódios. Quanto à caracterização física dos personagens, Dexter usa
sempre seu jaleco branco, mesmo quando vai à escola, e seus óculos enormes.
Jimmy usa o jaleco branco quando precisa realizar algum experimento em seu
laboratório, mas, no dia-a-dia, usa uma camiseta vermelha estampada com o
símbolo do átomo de Rutherford.
Mesmo nas suas horas de folga, Dexter não deixa de lado o
seu interesse pela ciência. No episódio 4, ele está cansado e necessita se
distrair: "Depois de um longo dia no laboratório, um gênio também
gosta de relaxar. E, ao chegar ao bar: Garçon, uma rodada de Ciência Shake para
todos."
Dexter e Jimmy são garotos dedicados à ciência e que
sempre trabalham sozinhos em seus experimentos, sem contar com ajuda de outros
cientistas. O cientista apresenta-se, desta forma, como solitário em suas
atividades. Isto configura uma visão individualista da ciência, em que os
conhecimentos científicos aparecem como obras de gênios isolados.
A deformação da ciência vista como individualista também
foi detectada em pesquisas que analisaram histórias em quadrinhos (HQ) que
veiculavam fatos relacionados ao conhecimento científico. Em cerca de 63,7% das
HQ analisadas, o trabalho científico aparece realizado por uma só pessoa . É
importante ressaltar que tanto os desenhos animados quanto as HQ destinam-se
basicamente às atividades de distração e lazer entre crianças jovens.
Outra observação que merece destaque é a visão de que o
desenvolvimento científico é papel exclusivo dos homens. Cientistas são
freqüentemente representados pela figura masculina e, muitas vezes, a mulher é
retratada como "do lar" – mãe do Dexter e mãe do Jimmy.
Frequentemente insiste-se, explicitamente, em que o
trabalho científico é um domínio reservado a minorias especialmente dotadas,
transmitindo expectativas negativas para a maioria dos alunos, e muito em
particular, das alunas, com claras discriminações de natureza social e sexual:
a ciência é apresentada como uma atividade eminentemente "masculina".
Os personagens Jimmy e Dexter demonstram que não se
consideram iguais aos outros e, pelas suas inteligências, não merecem fazer
coisas comuns, como Dexter ao ter de mexer no encanamento de sua casa para
retirar uma forma de vida alienígena: "Ora, quem diria que eu, Dexter,
acabaria virando um encanador".(Desenho 5)
E Jimmy, quando sua mãe o manda arrumar o quarto e
guardar suas roupas, diz ao amigo Caio: "Caio, eu sou um cientista, tenho
coisa mais importante para fazer do que guardar minhas calças". (Desenho
6)
Assim, percebe-se que os meninos cientistas representam a
imagem do cientista constantemente veiculada na mídia: pessoas com
inteligências acima da média, muito dedicadas às suas experiências e sem vida
social ou afetiva, e que não são consideradas pessoas normais.
Essa imagem estereotipada do cientista e da ciência
veiculada na mídia, mais especificamente, nos desenhos animados, pode gerar um
afastamento e certo preconceito, por parte dos alunos, em relação à disciplina
e ao professor de ciências, o que acaba por dificultar o trabalho de construção
do conhecimento científico em sala de aula.
Na análise dos episódios, detectam-se algumas formas de
se enfocar a ciência que se relacionam às visões de ciência que buscam explicar
a forma como se construiu e se elaborou o pensamento científico ao longo dos
anos. Uma das visões identificadas é a visão popperiana, segundo a qual a
ciência começa com um problema (POPPER, 1982). Em todos os episódios
analisados, é sempre um problema que motiva a ação científica que vai conduzir
a história. No desenho 7, o calor excessivo na cidade de Retrovila leva Jimmy a
usar seus conhecimentos científicos para desenvolver um equipamento que altera
a condição climática da cidade. Já no episódio 1, Dexter precisa ficar mais
velho para poder assistir um filme proibido para sua idade, e esse problema o
leva ao seu laboratório para trabalhar no projeto do acelerador de idades.
Percebe-se, também, a visão falsificacionista, segundo a
qual uma teoria pode ser falsificada e outra melhor vem a substituí-la gerando
uma maior aproximação da verdade. Nesse sentido, os pequenos cientistas,
em alguns episódios, buscam provar suas teorias e, nessa busca, surgem
situações que mostram que uma teoria será aceita se outra for invalidada por
intermédio de testes experimentais. No episódio 3, Dee Dee, a irmã mais velha
de Dexter, acredita em Papai Noel, e ele resolve provar a ela que Papai Noel
não existe. Se expressa da seguinte forma: "Eu vou mostrar a ela, antes do
Natal terminar que a minha teoria é verdadeira e a dela é falsa. Papai Noel não
existe". E, ao se organizar para desmascarar o bom velhinho, ele
lança seu grito de guerra: "Pela ciência!"
Lakatos propõe que o cientista tem grande apelo às
teorias vigentes, evitando ao máximo rejeitá-las (LAKATOS, MUSGRAVE, 1979).
Nota-se esse perfil quando, mesmo que seus experimentos dêem errados, os
meninos cientistas não os abandonam, procurando reestruturá-los, fazendo
algumas modificações no projeto inicial para que tudo dê certo. Exemplifica-se
com o episódio 8, no qual, ao testar o seu acelerador metabólico, Jimmy percebe
que suas idades foram muito avançadas no tempo e, para resolver o problema, ele
não abandona o plano inicial mas programa alterações: "Eu só preciso
arranjar titânio suficiente para fazer um freio de tempo mais forte".
Uma outra maneira que se percebe de conceber a ciência,
em alguns episódios, está associada à forma como a comunidade científica é
conservadora, o que remete aos paradigmas de Kuhn, segundo os quais só são
considerados ciência fatos e teorias que os cientistas aceitam por consenso
(KUHN, 2001, p. 40). No episódio 2, há o seguinte diálogo entre Dexter e sua
irmã Dee Dee:
"(Dexter) Eu quero dormir.
(Dee Dee) Por quê?
(Dexter) Porque enquanto você estava na sua caminha aconchegante, eu estava acordado a noite toda dando um passo à frente perante a comunidade científica de hoje."
(Dee Dee) Por quê?
(Dexter) Porque enquanto você estava na sua caminha aconchegante, eu estava acordado a noite toda dando um passo à frente perante a comunidade científica de hoje."
A referência feita à comunidade científica subentende
que, no desenho animado em questão, considera-se a existência de um corpo de
cientistas que pesquisam juntos e, possivelmente, chegam a conclusões comuns, o
que remete à idéia de ciência consensual citada anteriormente.
Mas a visão de ciência que se mostra mais evidente é a
visão positivista, que defende a ciência e as tecnologias criadas a partir dela
como solução para os problemas do homem, enfatizando o papel da experiência no
desenvolvimento científico . Esta ênfase na experimentação é mostrada na
importância dada ao laboratório, pois os meninos cientistas, sempre que
precisam desenvolver seus experimentos, o fazem em seus laboratórios muito bem
equipados; e, mesmo Jimmy Nêutron, que traja sempre uma camiseta vermelha com o
desenho do átomo de Rutherford, quando vai ao laboratório, veste seu jaleco branco.
Podemos discutir nesse ponto as visões
deformadas da ciência e da tecnologia, enfocam o caráter empírico da atividade
científica:
A imagem individualista e elitista do cientista traduz-se
em iconografias que representam o homem da bata branca no seu inacessível
laboratório, repleto de estranhos instrumentos. Desta forma constatamos uma
terceira e grave deformação: a que associa o trabalho científico, quase
exclusivamente, com esse trabalho no laboratório, onde o cientista experimenta
e observa, procurando o feliz "descobrimento
Nos episódios, a ciência é enaltecida e mitificada por
meio de situações, ações e falas dos personagens. No desenho 1, no laboratório
de Dexter, surge uma linha de montagem em que cada etapa do processo de cuidar
de crianças é realizada por um equipamento diferente, enquanto os bebês vão
passando numa esteira. Essa situação faz referência ao uso de tecnologias na
produção industrial em larga escala.
No episódio 2, a tecnologia vem para facilitar a vida de
Dexter, com controles remotos que fecham as janelas do quarto e acionam uma
escada ao lado da cama alta, para que ele possa subir e se deitar. Dexter
supervaloriza a ciência, como se mostra no desenho 5, em que ele conversa com
uma forma alienígena e diz: "Nós temos que descobrir do que você é feito.
Não, não diga. É para isso que servem os laboratórios".
Reconhecer as visões de ciência que permeiam o discurso
implícito nos desenhos animados torna-se importante na medida em que estes
discursos refletem e influenciam o pensamento das pessoas em geral; e, de forma
mais evidente, influenciam as crianças e os jovens pelo fato de que estes estão
formando seus conceitos e idéias sobre o mundo, e o desenho animado é um
universo familiar ao jovem estudante.
Nos episódios analisados, a questão de exaltação da
ciência, da tecnologia, da dependência da modernização para a resolução de
problemas, tende a perpetuar a crença, que ainda existe, de que o progresso é o
caminho único para o desenvolvimento humano. Mas, esta forma de pensar e de
agir deve ser contestada, pois há tempos se verificou que existem os dois lados
do avanço tecnológico: aquele que traz o desenvolvimento e aquele que traz a
destruição.
Vimos que o desenvolvimento industrial podia causar danos
à cultura e poluições mortais; vimos que a civilização do bem-estar podia gerar
ao mesmo tempo mal-estar. Se a modernidade é definida como fé incondicional no
progresso, na tecnologia, na ciência, no desenvolvimento econômico, então esta
modernidade está morta.
Nesse caminho, um enfoque epistemológico que contemple as
origens da natureza do conhecimento científico, pode trazer esclarecimentos
importantes para certos problemas que surgem no processo de aprendizagem de
conceitos e teorias da ciência. A educação em ciências enfrenta um desafio
contemporâneo, ela deve contribuir para que o cidadão estabeleça uma relação
crítica com a ciência e a tecnologia, relação que seja um antídoto ao ceticismo
que idolatra e mitifica a ciência, como à postura irracionalista que desconhece
o papel humanizador da ciência. Este desafio guarda correlação com a
necessidade de que esse cidadão compreenda a ciência como parte do legado
cultural. Essas são as razões maiores a recomendar o recurso às contribuições
da história e da filosofia para a educação em ciências.
Ao se discutirem as implicações do avanço tecnológico no
processo educacional, torna-se relevante fazer referência à questão da ética na
ciência e como ela pode afetar a sociedade atual. Em alguns episódios dos
desenhos animados analisados, esse tema surge com um enfoque pejorativo no qual
o cientista não leva em conta as questões éticas envolvidas no procedimento por
ele realizado. Tal observação pode ser exemplificada no episódio 8, em que os
meninos querem comprar um game proibido para a sua idade por ser
muito violento, no qual decorre o seguinte diálogo:
"(Jimmy) Eu acho que, teoricamente, uma pessoa
pode acelerar seu metabolismo para poder ter 18 anos. Mas isso não seria nada
ético [...]
(Sheen) Então, o que separa a gente de ação de primeira com muitos jogadores é a diferença entre o certo e o errado?"
(Sheen) Então, o que separa a gente de ação de primeira com muitos jogadores é a diferença entre o certo e o errado?"
Os personagens optam por ignorar a questão da ética e
realizam o experimento que propicia o aumento das suas idades. Levando-se em
conta que a ética constitui-se em tema transversal que deve permear a educação
em todos os seus níveis segundo BRASIL,
1998, o exemplo acima, retirado de um desenho animado, pode ser utilizado como
motivador para um debate em sala de aula sobre o que é ético e o que não é ético
no mundo científico.
Salienta-se que os educadores precisam estar atentos às
influências que, de modo sub-reptício, possam se refletir nas concepções das
crianças e adolescentes em idade escolar. Mas essa deve ser também uma tarefa
de todos.
Enquanto a sociedade encolher os ombros e fizer ouvidos
moucos com relação às barbaridades deseducativas e deformativas que, por
exemplo, os meios de comunicação exercem sobre os jovens e os cidadãos de modo
geral, permanecem tênues as esperanças de um futuro melhor, mais democrático,
solidário, mais ético e humano, por maior que seja o empenho nesse sentido no
espaço da educação formal.
Mas, para conduzir uma discussão sobre este tema, com
propriedade e sem correr risco de propagar idéias incorretas, ao professor de
ciências não resta outra alternativa
senão a de desenvolver, ao longo seu trabalho docente, o hábito do estudo, da
reflexão, e o compromisso com uma educação que privilegie o ser ao invés do
ter, e a compreensão ao invés da informação.
De que maneira reconhecer estas visões sobre ciência que
estão presentes nos desenhos animados pode contribuir para a melhoria do ensino
de ciências? Argumenta-se que é imprescindível o conhecimento sobre como, e de
que forma, desenvolveu-se o pensamento científico que conduziu a humanidade aos
dias de hoje, pois nessa incursão ao passado, encontram-se respostas para
muitas das ações do presente.
Toda reflexão sobre ensino passa pela formação do
professor como sujeito atuante e necessário na construção de uma sociedade
menos consumista, mais crítica, mais ética. A televisão está presente com seus
programas bons e ruins. A sociedade é livre para vê-los e, muitas vezes,
aqueles que os assistem não têm subsídios para assumir uma postura de
questionamento frente aos seus conteúdos. É também função do professor
trabalhar a multiplicidade de visões de mundo e, para isto, ele precisa ser
preparado.
Um significativo passo nessa direção é considerar, no
cotidiano da sua formação, as questões da comunicação, da informação e das
imagens, com o objetivo de tornar os novos profissionais preparados para
vivenciar os desafios do mundo que se está construindo. Naturalmente, se
estamos pensando numa escola na qual a cultura audiovisiva seja uma presença, o
professor, principal personagem desse processo, precisa estar preparado para
trabalhar com essa cultura. Uma cultura que está intimamente relacionada com as
mídias e, por isso, exige e determina uma nova linguagem.
Questionar. Esta é a ação que se propõe com base na
análise feita no desenvolvimento do presente neste post. Ao professor cabe a
tarefa de questionar as diversas visões de ciência que são veiculadas nos meios
de comunicação de forma a levar o aluno à reflexão sobre o papel da ciência em
sua vida. Apresenta-se, aqui, uma alternativa para motivar essa discussão: o
uso dos desenhos animados.
É uma alternativa a mais na busca de tornar o ensino de
ciências um ensino significativo para a vida dos jovens. É um recurso lúdico e,
como todo recurso lúdico, exige do professor também uma postura lúdica frente
às situações de sala de aula. A presente proposta não pretende negligenciar
outras formas de trabalho, como aulas expositivas, experimentais ou o uso de
livros didáticos. Consiste em apresentar um elemento novo que venha a colaborar
na construção de um conhecimento científico pertinente, para que se possa fazer
da educação um caminho real para o equilíbrio do indivíduo enquanto espécie e
enquanto agente social.
Bom proveito!!!!
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