Cinco fatos curiosos sobre os elementos da tabela periódica
Bem, talvez o líder espiritual e político indiano Mahatma Gandhi
não guardasse mesmo maiores paixões pelo iodo, o elemento
número 53 da tabela periódica. Seus partidários e discípulos
espalham o boato até hoje - para prejuízo de muitos indianos.
A história começou quando o governo imperial da Grã-Bretanha
impôs taxas exorbitantes sobre a produção de sal na Índia.
Foi o estopim de uma campanha convocada por Gandhi, em 1930,
encorajando a população a produzir sal em suas casas. O problema é
que o sal produzido em casa não continha iodo, que é essencial ao
crescimento e reduz a taxa de defeitos congênitos. O governo já
tentou mudar essa situação proibindo a produção caseira, mas
até hoje existe certa resistência por parte dos indianos, por
causa do ódio que Gandhi teria ao sal “imperialista” com iodo.
“Pálido, duro de derreter, insolúvel, e com átomos que não se parecem
em nada com moléculas de açúcar”, afirma Sam Kean sobre o
elemento berílio no livro The Disappearing Spoon (sem edição no Brasil).
Mesmo assim, este metal tem o mesmo gosto que o açúcar.
A diferença é que ele pode ser bastante tóxico. E, se for inalado,
pode provocar pneumonite química. Enrico Fermi (1901-1954),
físico italiano que ajudou a desvendar o poder da energia nuclear,
morreu aos 53 anos vítima de uma pneumonite causada pela inalação
excessiva de pó de berílio, usado em experiências com urânio radioativo.
Conforme a mitologia grega, tudo que Midas tocasse virava ouro.
A lenda pode ter nascido noreino da Frígia, atual Turquia, no século VIII a.C.
Tudo indica que a região era rica nos elementoszinco e estanho, que juntos
formam o latão. Pode latão tenha iludido os súditos do rei. A história
foi posta à prova em 2007, quando um professor ser então que o brilho
dourado do de metalurgia da Universidade de Ancara, capital da
Turquia, montou uma fornalha primitiva para derreter os minérios locais.
O resultado foi uma barra dourada. “Não dá para afirmar que os antigos
acreditavam realmente tratar-se de ouro, mas bastava que alguns
acreditassem para a lenda se espalhar”, afirma Sam Kean, autor do
livroThe Disappearing Spoon (sem edição no Brasil).
Se Midas era capaz de transformar qualquer coisa em ouro, a natureza
tratou dela mesma transformar ouro em algo sem qualquer valor.
Na verdade, criou a pirita (dissulfeto de ferro),que ironicamente brilha
mais e é mais dourada que o ouro de verdade. Daí ser conhecida como
ouro dos tolos. Na Austrália, porém, a natureza foi ainda mais
perversa. Em 1893, uma corrida do ouro levou milhares de pessoas
para o outback australiano. O local se tornou rapidamente uma cidade,
feita com pedregulhos que os mineiros achavam não ter valor. Na verdade,
a cidade foi construída com algo mais precioso. O ouro, por causa de suas
propriedades químicas, não se liga a quase nenhum outro elemento.
A exceção é o telúrio, de que resulta a calaverita, ou telureto de ouro,
que é amarelo e lembra levemente o ouro. Até que alguém na cidade
tomou consciência de que estavam jogando fora era calaverita e que, pior,
era muito fácil separá-la do ouro. Resultado: a cidade foi praticamente
colocada abaixo pelos mineiros. Chaminés, calçadas e até o pavimento
das ruas foram arrancados à base de picaretadas. A região de Kalgoorlie
se tornou nos anos seguintes a maior produtora de ouro do mundo.
Uma pegadinha comum nos laboratórios de química é fazer uma colher
de gálio, um elemento parecido com o alumínio, e servi-lo com chá quente.
Como ele derrete a 29 graus Celsius, a impressão é de que o chá engoliu
a colher (veja no YouTube). Mas nem só de pegadinhas vive o gálio.
Foi o primeiro elemento descoberto após a formulação da tabela periódica
de Mendeleiev, e serviu como prova de que a teoria do químico russo estava correta.
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