segunda-feira, 24 de março de 2014

E se não houvesse decomposição?


Do cheiro ruim de animais mortos à gasolina do seu carro, muita coisa não existiria. Mas a principal mudança é na alimentação. Comeríamos como astronautas 
Só lembramos dela quando esquecemos uma maçã no fundo da geladeira. Mas a decomposição é um processo essencial do ciclo da vida. "Graças a ela, a matéria orgânica, aquela que forma os seres vivos, é degradada e retorna à natureza, tornando-se disponível para que outros organismos a utilizem novamente", explica a bióloga da USP Ana Maria Gouw. A decomposição é um processo complexo em que, basicamente, matéria orgânica se transforma em minerais. É por meio dela que é possível reciclar a vida no planeta. Sem esse processo, ela seria linear. Por exemplo, uma floresta usaria os nutrientes do solo para se desenvolver. Mas as árvores morreriam e, como não sofreriam decomposição, o solo não seria enriquecido por seus nutrientes e ficaria pobre para alimentar uma nova geração de árvores e outras formas de vida. "A vida na Terra existe porque há um fluxo de energia e nutrientes entre os seres vivos", diz Gouw. "Se não houvesse a decomposição, os nutrientes ficariam retidos nos cadáveres e nenhuma nova vida poderia ser produzida". O único jeito de a vida continuar seria fazer essa reciclagem de nutrientes em laboratório. Uma maneira um tanto mais elaborada do que já ocorre com os astronautas, que bebem a própria urina reciclada. Nada apetitoso. Por falar nisso, as refeições não seriam lá muito agradáveis. E a geladeira seria só um frigobar.

Se é podre, é bom
Por que a decomposição é tão necessária para a abundância de vida no planeta. E na mesa

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